
A transmissão da covid-19 segue um padrão de sazonalidade, ou seja, há um momento do ano em que a doença tem uma transmissão maior, assim como de outras doenças respiratórias, como H1N1 e gripe Influenza. Com isso, o Brasil e o Hemisfério Sul devem passar por uma diminuição de casos a partir de outubro, com a aproximação do verão, enquanto o hemisfério norte vê o aumento nos registros, com a chegada do inverno.
Os dados são do estudo Detecção Precoce da Sazonalidade e Predição de Segundas Ondas na Pandemia da Covid-19, coordenado pelo professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF), Márcio Watanabe. Para o especialista, o Brasil ainda não saiu da primeira onda, mas a previsão é de haver uma forte queda na quantidade de casos no próximo mês, o que também ocorrerá na maioria dos países do hemisfério sul. Assim, haverá, então, o “fim” da primeira onda de Covid-19 no país. Paralelamente, acontecerá uma segunda onda na maioria dos países do hemisfério norte.
“A queda irá se intensificar no término desse mês e a partir do final de outubro prevejo que o país terá poucos casos da doença se comparado ao número atual. Mesmo sem vacinação, devido à sazonalidade o número de casos permanecerá baixo de novembro a fevereiro”, enfatiza o professor em nota no site da universidade.
Iniciada em abril de 2020, a pesquisa se desenvolveu com base em uma análise de dados epidemiológicos de mais de 50 países de todo o mundo.
Segunda onda
Segundo o professor Watanabe, os dados mostram que uma eventual segunda onda generalizada no Hemisfério Sul — que inclui o Brasil — seria muito menor do que a anterior. “ela atingiria menos cidades e teria um número de incidência bem inferior. E somente ocorreria partir de março/abril do ano que vem, com a proximidade do outono, assim como é comum a outras doenças respiratórias, em que os surtos ocorrem de abril a julho. Provavelmente, teríamos pequenas ondas de Covid-19 todos os anos nesse período”.
Além disso, existem outros fatores que ajudariam na queda de casos, como a possibilidade de a vacina já estar disponível antes de março do ano que vem.
“A vacinação é fundamental para a prevenção até mesmo de enfermidades em relação às quais a maior parte da população já tem alguma imunidade. Ela será fundamental, caso esteja disponível, para evitarmos uma segunda onda em abril e maio de 2021, evitando novos infectados, mortes e a necessidade do retorno das medidas de isolamento social. É muito provável que a vacina de COVID-19 entre para o calendário anual de idosos e crianças, assim como a da gripe”, esclarece o professor da UFF.
É importante destacar que, apesar da sazonalidade ajudar a reduzir a transmissão, ainda é necessário manter os cuidados preventivos em relação ao novo coronavírus, principalmente enquanto o total de casos ainda ter número expressivo.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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